O Largo da Ajuda situado numa plataforma natural virada a Sul, é limitado a Poente pelo Palácio da Ajuda e a Nascente pela frente urbana onde se encontra este terreno. Apesar da dimensão generosa do Largo e da grande quantidade de árvores existentes, existe relação visual entre a frente construída e o Palácio, o que acentua a diferença de escala entre as duas.

Trata-se um terreno com 3 frentes para a via pública, que remata a frente edificada constituída por um conjunto de pequenas casas de um ou dois pisos, em alvenaria rebocada, cantarias de pedra nas molduras dos vãos e coberturas em telha.

A localização deste edifício é assim marcada por fatores essenciais e díspares entre si: a proximidade física e visual ao Palácio da Ajuda, o fecho de uma frente urbana de pequena escala doméstica, a proximidade dos dois palacetes do cimo da Rua do Guarda-Jóias e a relação próxima, física e visual, para os edifícios recentes da encosta do Rio Seco.

O programa são duas moradias independentes, com o estacionamento partilhado, com uma área total de 730 m2.

Em termos volumétricos, as duas moradias afastam-se uma da outra, ocupando os dois topos do lote e libertando uma zona de logradouro entre elas.

As duas casas têm uma tipologia e funcionamento muito similar:  um piso de estacionamento em cave com entrada pelo Páteo do Seabra; as salas e cozinha directamente abertas sobre o jardim, um piso com 4 quartos sobre as salas e no último piso o aproveitamento de sótão, de onde se poderá desfrutar das vistas sobre o Rio Tejo e sobre o Palácio da Ajuda.

Os alçados das várias frentes do lote estabelecem diferentes relações de linguagem com as construções que lhes estão próximas, como no caso das coberturas, mas o conjunto edificado preserva a sua unidade através dos materiais e das janelas, que mantêm as dimensões nas várias situações.